segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Crónicas e Cartas - Eça de Queiroz


Título: Crónicas e Cartas
Autor: Eça de Queiroz
Editora: Editorial Verbo, 1972
Colecção: Livros RTP
ISBN: Não existe

Esta obra consiste numa selecção de textos e a sua introdução por João Bigotte Chorão, original mente publicados, na edição das obras completas de Eça de Queiroz pela "Livros dos Brasil". Este livro vale mais pela curiosidade biblliófila, do que pela citada introdução e selecção de textos, não colocando em causa o seu mérito; isto porque naturalmente existem actualamente inúmeros estudos sobre este escritor, assim como novas edições da sua obra. Bastaria lembrar a biografia de Maria Filomena Mónica : "Eça de Queiroz", editada em 2009, ou os diversos e abundantes estudos de Carlos Reis, entre 1975-2000. Para um escritor do século XIX, de um pequeno pais periférico, não deixa de ser significativo que as suas obras, tenham sido traduzidas em 19 línguas, que representam contextos culturais e históricos muito diferentes, do francês ao japonês. Não obstante um dos interesses deste livro, resulta dos esforços conjuntos de um editora de prestígio e a Rádio Televisão Portuguesa, numa época onde só existiam dois canais de televisão em Portugal Continental: (RTP 1 e 2); e a RTP 1 nas regiões insulares, no sentido de facultar uma bibiloteca básica,de preço acessível ao leitor comum. Um excelente exemplo de serviço público, que actualmente parece alienado das diversas estações de televisão, que superam largamente nos seus desdobramentos o citado número de canais. Outros interesses e outras leituras, diriam alguns. Sobre o conteúdo da obra restaria dizer que é um excelente exemplo do talento eclético de Eça. Do lirismo de "Um Génio que era um Santo", uma apologia juvenil de Antero de Quental enquanto estudante em Coimbra; a rápida pincelada sobre a famosa figura coeva de Ramalho Urtigão, na carta a Joaquim de Araújo; o humor de "O Coração não Sente o que os Olhos não Vêem"; ou o olhar sociológico de "O Natal", de um português nas terras de John Bull.
Finalmente este conjunto de textos também pode ser visto como uma rapsódia da recepção da cultura erudita da europa oitocentista em Portugal, sendo notória a inevitável influência francesa e alemã. No texto "Lisboa" existe uma passagem exemplar de tom Baudleriano (p.21), merecendo a mesma um pequeno exercício de literatura comparada, sobre a morbidez e fascínio da morte, tão ao gosto do autor de "As Flores do Mal".


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