quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Frontalidade (Ideias, Figuras e Factos) - Mário Saraiva


Título: Frontalidade (Ideias, Figuras e Factos)
Autor: Mário Saraiva
Editora:
Universitária Editora, 1995.
ISBN: 972/700/040/1


Depois de ler este livro desejei não estar perante um exercício calculado de propaganda e demagogia. Enfim tenho que conceder o benefício da dúvida ao autor, tenho em conta que não o conheço e recordando Platão, os livros não podem defender quem os escreve ,argumentando dinamicamente com o leitor. Ainda assim há conceitos que se podem defender com objectividade, a saber:
- A figura do Rei, sociologicamente não é uma figura equidistante de todos os grupos sociais. Naturalmente que também tem interesses políticos. Bastaria recordar figuras tão polémicas como D. Afonso IV, D. João II e D. Carlos. D. Afonso IV mandou executar D. Inês, acto muito pouco cristão, se considerarmos a moralidade oficial da época, mesmo que se invoquem razões de Estado. D. João II apunhalou pessoalmente o Duque de Viseu, seu primo e cunhado, a pretexto de uma conspiração. Finalmente D. Carlos dissolveu o Parlamento, ainda que num contexto de crises políticas e económicas, instalando-se a ditadura do Primeiro-ministro João Franco, com a conivência do rei.
- Indo um pouco mais longe geograficamente e no tempo, seria ingénuo entender os imperadores romanos como representantes das virtudes do império. Muito pelo contrário muitos deles condenavam senadores à morte, para depois serem por suas vez assassinados pelos últimos, num frenesim digno de um grupo de piranhas ou das actividades da máfia.
- Chocado pela demagogia e corrupção do parlamentarismo representativo democrático, Mário Saraiva advoga o regresso da Câmara Corporativa. Tal conceito define-se por uma assembleia de funções meramente corporativas, que representa os diversos agrupamentos culturais, profissionais e económicos. Sinceramente não entendo como tal paradigma poderia salvar-nos da corrupção.
- Naturalmente a democracia parlamentar não é um sistema ideal, sem dúvida que temos corrupção e demagogia. Mas pelo menos enquanto cidadãos de direitos iguais, podemos representar e ser representados, podendo também fundamentadamente denunciar. Atenção que falo aqui em igualdade jurídica perante a lei. A igualdade humana quanto ao intelecto, moral, formação ou outras características não é subscrita por mim e aqui concordo com Mário Saraiva O voto democrático não é um valor equivalente a verdade. É um valor de estabilidade e concordância num dado momento temporal.

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