sexta-feira, 25 de março de 2011

Moby Dick


 
 
Título: Moby Dick
Autor: Herman Melville
Editora:  Wordsworth Classics
ISBN:  1-85326-008-6
 
 "Oh Man don't look too much into de fire". Pegando nesta citação, no contexto de uma obra fértil e seminal, sou assaltado por semelhante inquietação, ainda que na esperança que perante tão vasto oceano literário, logre dizer algo de aproveitável. Esta obra, tal como uma cebola ou um bolo de noiva, tem várias camadas de leitura.  Não sendo naturalmente uma manual de caça à baleia, relataria a trágica odisseia, da uma busca obsessiva,  da Baleia Branca.  Concedendo que cada época lê um livro segundo as suas possibilidades hermenêuticas, atentemos no primeiro encontro entre Ismael e Queequeeg o arpoador da Oceânia. Na sua aparência tudo contrasta com o que se poderia esperar num ocidental como Ismael: as tatuagens, as cabeças encolhidas que trás à cintura, etc.  Ambos vão partilhar a mesma cama, na estalagem, e Ismael reconcilia-se com os seus medos, repetindo para si mesmo que o eventual antropófago é um homem como ele, tão temível ou louvável, acordando nos seus braços, como se fosse a sua esposa. Este raciocínio algo prosaico para a época, seria algo ousado em 1851 data da publicação da obra.  Bastaria pensar que a emancipação dos escravos, apenas vai ocorrer em 1863, sobre a presidência de Lincoln, isto nos EUA.  Segundo a mesma linha de abordagem, cada arpoador do Pequod, representa uma raça, segundo a visão antropológica oitocentista.  A possível alusão homossexual, e algo púdica, patente nas palavras de Ismael, deve ser encarada com cuidado.  De facto na época de Melville, teríamos decerto uma leitura menos freudiana dos nossos actos, logo menos receio de afirmações e gestos mais afectivos e sinceros entre amigos masculinos.  Cada uma das personagens principais, representa um ponto de vista sobre a tragédia da condição humana.

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