segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Bluff your way in Folk and Jazz - Peter Williams














Título:
Bluff your way in Folk & Jazz
Autor: Peter Williams
Editora: Wolfe Publishing Lda, 1969
Colecção: The bluffer's guides
SBN: 73240119 5

Um interessante guia ainda que naturalmente datado, fazendo uma boa síntese da história do jazz e música folk, cujas relações de proximidade e identidade são naturalmente evidentes. Livro servido com a humildade e sentido de humor necessário. Ideal para transportes públicos, podendo ser discretamente depositado num bolso, não suscitando assim o eventual "embaraço social" de ler.


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Frontalidade (Ideias, Figuras e Factos) - Mário Saraiva


Título: Frontalidade (Ideias, Figuras e Factos)
Autor: Mário Saraiva
Editora:
Universitária Editora, 1995.
ISBN: 972/700/040/1


Depois de ler este livro desejei não estar perante um exercício calculado de propaganda e demagogia. Enfim tenho que conceder o benefício da dúvida ao autor, tenho em conta que não o conheço e recordando Platão, os livros não podem defender quem os escreve ,argumentando dinamicamente com o leitor. Ainda assim há conceitos que se podem defender com objectividade, a saber:
- A figura do Rei, sociologicamente não é uma figura equidistante de todos os grupos sociais. Naturalmente que também tem interesses políticos. Bastaria recordar figuras tão polémicas como D. Afonso IV, D. João II e D. Carlos. D. Afonso IV mandou executar D. Inês, acto muito pouco cristão, se considerarmos a moralidade oficial da época, mesmo que se invoquem razões de Estado. D. João II apunhalou pessoalmente o Duque de Viseu, seu primo e cunhado, a pretexto de uma conspiração. Finalmente D. Carlos dissolveu o Parlamento, ainda que num contexto de crises políticas e económicas, instalando-se a ditadura do Primeiro-ministro João Franco, com a conivência do rei.
- Indo um pouco mais longe geograficamente e no tempo, seria ingénuo entender os imperadores romanos como representantes das virtudes do império. Muito pelo contrário muitos deles condenavam senadores à morte, para depois serem por suas vez assassinados pelos últimos, num frenesim digno de um grupo de piranhas ou das actividades da máfia.
- Chocado pela demagogia e corrupção do parlamentarismo representativo democrático, Mário Saraiva advoga o regresso da Câmara Corporativa. Tal conceito define-se por uma assembleia de funções meramente corporativas, que representa os diversos agrupamentos culturais, profissionais e económicos. Sinceramente não entendo como tal paradigma poderia salvar-nos da corrupção.
- Naturalmente a democracia parlamentar não é um sistema ideal, sem dúvida que temos corrupção e demagogia. Mas pelo menos enquanto cidadãos de direitos iguais, podemos representar e ser representados, podendo também fundamentadamente denunciar. Atenção que falo aqui em igualdade jurídica perante a lei. A igualdade humana quanto ao intelecto, moral, formação ou outras características não é subscrita por mim e aqui concordo com Mário Saraiva O voto democrático não é um valor equivalente a verdade. É um valor de estabilidade e concordância num dado momento temporal.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Cleopatre Reine des Rois - Oscar de Wertheimer




















Título:
Cleopatre Reine des Rois
Autor: Oscar de Wertheimer
Editora: Livres de Poche; 1956
Colecção: Historique
ISBN: Não existe

Um dos ícones da feminilidade e símbolo do medo masculino da sexualidade feminina, associada neste caso ao poder político e teocrático. A Roma antiga em particular nunca lhe perdou tal ousadia, enquanto antítese de todas as virtudes da matrona romana. Até a sua suposta morte por suicídio, foi literalmente transformada num símbolo de lascívia, concretizado na áspide que lhe morde o seio. O dramatismo da sua vida, sendo a última dos faraós da dinastia Ptolemaica, teve o colorido suficiente para justificar diversos livros e bibliografias, assim como filmes, peças de teatro quadros, e uma banda desenhada de René Goscinny. Quando se atinge o estatuto de mito, mais do que a verdade histórica o verdadeiramente importante é todo o vórtice de ideias que se consegue invocar. Curiosamente o verdadeiro rosto de Cleopatra, ou a sua eventual aproximação mais fiel, pode apenas ser contemplado numa efígie de pedra, descoberta pelo arqueólogo Zahi Hawass. Constate-se o cabelo castamente enrolado para trás à maneira das mulheres gregas da época clássica e a ausência de jóias, assim como o famoso formato acentuado do nariz.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Crónicas e Cartas - Eça de Queiroz


Título: Crónicas e Cartas
Autor: Eça de Queiroz
Editora: Editorial Verbo, 1972
Colecção: Livros RTP
ISBN: Não existe

Esta obra consiste numa selecção de textos e a sua introdução por João Bigotte Chorão, original mente publicados, na edição das obras completas de Eça de Queiroz pela "Livros dos Brasil". Este livro vale mais pela curiosidade biblliófila, do que pela citada introdução e selecção de textos, não colocando em causa o seu mérito; isto porque naturalmente existem actualamente inúmeros estudos sobre este escritor, assim como novas edições da sua obra. Bastaria lembrar a biografia de Maria Filomena Mónica : "Eça de Queiroz", editada em 2009, ou os diversos e abundantes estudos de Carlos Reis, entre 1975-2000. Para um escritor do século XIX, de um pequeno pais periférico, não deixa de ser significativo que as suas obras, tenham sido traduzidas em 19 línguas, que representam contextos culturais e históricos muito diferentes, do francês ao japonês. Não obstante um dos interesses deste livro, resulta dos esforços conjuntos de um editora de prestígio e a Rádio Televisão Portuguesa, numa época onde só existiam dois canais de televisão em Portugal Continental: (RTP 1 e 2); e a RTP 1 nas regiões insulares, no sentido de facultar uma bibiloteca básica,de preço acessível ao leitor comum. Um excelente exemplo de serviço público, que actualmente parece alienado das diversas estações de televisão, que superam largamente nos seus desdobramentos o citado número de canais. Outros interesses e outras leituras, diriam alguns. Sobre o conteúdo da obra restaria dizer que é um excelente exemplo do talento eclético de Eça. Do lirismo de "Um Génio que era um Santo", uma apologia juvenil de Antero de Quental enquanto estudante em Coimbra; a rápida pincelada sobre a famosa figura coeva de Ramalho Urtigão, na carta a Joaquim de Araújo; o humor de "O Coração não Sente o que os Olhos não Vêem"; ou o olhar sociológico de "O Natal", de um português nas terras de John Bull.
Finalmente este conjunto de textos também pode ser visto como uma rapsódia da recepção da cultura erudita da europa oitocentista em Portugal, sendo notória a inevitável influência francesa e alemã. No texto "Lisboa" existe uma passagem exemplar de tom Baudleriano (p.21), merecendo a mesma um pequeno exercício de literatura comparada, sobre a morbidez e fascínio da morte, tão ao gosto do autor de "As Flores do Mal".


sexta-feira, 21 de agosto de 2009

The Third Reich - Time Life


Título: The Third Reich
Autor: Editors of Time-Life Books, 1989.
Editora: Time-Life Inc.
ISBN: 0-8094-6962-6

Uma interessante história do Terceiro Reich, em estilo jornalístico económico e objectivo, incluindo excelentes fotografias. Por vezes um pouco exaustiva na descrição detalhada e objectiva das movimentações militares e campanhas da Segunda Guerra Mundial. Eventualmente algo datada, em função do ano de publicação. Ideal e assaz completa, enquanto obra de divulgação, ou para alguém que se deseje iniciar no estudo do tema. O grosso da obra e dedicada à Segunda Guerra Mundial, no contexto da história do Terceiro Reich; ainda que nao se deva esquecer que de 1933 a 1939, tal foi tambem uma realidade política, económica, jurídica e ideológica; cuja importancia histórica e respectivas filiações mais ou menos remotas na cultura europeia, teria sido relevante, independentemente do conflito mundial que ocorreu. Como se depreende, tal análise filosófica, não é o objectivo desta obra. Edicão em capa dura, com excelentes acabamentos. Eis a lista dos títulos de cada volume por ordem alfabética, totalizando 23.
- AfricaKorps
- Barbarossa
- Conquest for the Balkans
- Descent Into Nightmare
- Empires in the East
- Fists of Steel
- Fortress Europe
- Homeland Besieged
- Lightning War
- Scorched Earth
- Storming of Power
- The Apparatus of Death
- The Center of The Web
- The Hell of The Conqueror
- The New Order
- The Reach for Empire
- The Road to Stalingrad
- The S.S.
- The Shadow War
- The Southern Front
- The Twisted Dream
- War on the High Seas
- Wolf Packs

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

366 poemas que falam de amor - AAVV



Título: 366 poemas que falam de amor
Autor: AA.VV
Editora: QUETZAL EDITORES, 2003
ISBN: 972-564-583-9

Excelente antologia temática organizada por Vasco Graça Moura. Variada quanto à época; género; nacionalidade e estilos; pelo menos se considerarmos o Ocidente, o que não deixa de ser uma lacuna, isto admitindo a ambição do título. Os poetas portugueses e brasileiros estão em maioria. Apresenta um índice de autores, que decerto merceriam também uma nota introdutória. Muito útil para amores em anos bisextos, sem esquecer os comuns. A love poem a day keeps...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um Ano Para Esquecer (O Inimigo Público Ano I)


Título: Um Ano Para Esquecer
Autor: AAVV (Publicação Periódica)
ISBN: 972-8892-07-1

Este livro é uma compilação do jornal satírico: "O Inimigo Público", suplemento do jornal "Público", e apresenta textos entre Setembro de 2003 e Junho de 2004. Genial ao encarar aquilo com que se pode e deve brincar muito a sério e outra maneira (alternativa), de recordar a história recente do nosso país. O meu texto preferido, entre muitos, é sobre um outro Fernando Pessoa, que entendendo que a posteridade o iria apelidar de "p*******o" (sic); admite em nota curta que escreve depois de um jogo do Carcavelinhos - Atlético, ter escrito a sua obra para... papar gajas. "A minha pátria é a língua, a língua toda lá dentro".
Sem dúvida que perante alguns textos, poderíamos equacionar o problema ético do humor; nomeadamente no texto sobre gastronomia fetal, entre outros. Ainda que a psicologia do humor esteja associada a um certo voyeurismo e sadismo, muito antes das celebradas pantonominas de Charlie Chaplin ou Buster Keaton. Seja mais uma vez pela inteligência e coragem dos textos; pela sua capacidade de fazer rir e pensar...

sábado, 11 de julho de 2009

O Verdadeiro Oeste - Sam Shepard

Título: O Verdadeiro Oeste
Título original: True West
Autor: Sam Shepard
Editor: Livros Cotovia, 1992
ISBN: 972-8028-08-3

Uma peça que relata a rivalidade e diferença de dois irmãos, até ao paroxismo. Um deles um escritor (Austin), que está a escrever um argumento, e o outro um vagabundo e ladrão (Lee), que aparece subitamente em casa da mãe, vindo do deserto e encontrando o irmão; a quem se junta depois a mãe (Mom), algo deslocada e alienada de tudo isto. Concomitantemente desenrola-se a desconstrução e lento assassinato do mito americano, que oferece o título a este trabalho. Austin vê-se preterido em relação a Lee, pelo agente artístico (Saul) no seu projecto de argumento cinematográfico, quando Lee decide escrever um argumento algo repentista, sobre O "Verdadeiro Oeste". Brutal realista e cruel na descrição das relações familiares. A traição da cultura popular americana e a simultânea impossibilidade de renúncia à mesma. Do mesmo autor do argumento de "Paris Texas", filme de Wim Wenders. Aparentemente ainda que exista um final aberto, ninguém morre nesta peça, muito menos "with their boots on". Tradução de António Feio.

domingo, 28 de junho de 2009

Ten By Ten - Robert Mapplethorpe



Título: Ten By Ten
Autor: Robert Mapplethorpe
Editor: Schirmer/Mosel
ISBN: 3-88814-272-5

O fotógrafo das flores, das polaroids, da Patti Smith, dos retratos a preto e branco, dos nus em sombreados, de homens que se tocam e mulheres calmas.


Irises 1986


As flores. A fragilidade das flores. E o encanto das crianças. Um olhar inquisidor de uma menina. Um passo. Um passinho. Um estou mas de passagem.


Melia Marden 1983



E neste movimento parado o silêncio negro da quem sente forte. De quem quer sentir forte. Um membro envolto num tecido cuja textura podemos sentir o toque. A mão cerrada. E a luz e a sombra. Que encerra quem navega entre um e outro.


Louise Nevelson 1986

Toma-me. Tomem-me. Um homem deitado, morto? Talvez ainda que não pareça. Ainda não. E a dor. A dor semelhante à que nos retratam os santos mártires. O olhar de quem já não está. Um pénis violado, dilacerado, sangrento, atado, numa ratoeira. Porque quem assim quer, quer. Brutal.Os homens nus. A limpidez da nudez. Um homem perfeitamente branco que chupa um membro escuro. De olhos nele. E a postura tão masculina de apoia a mão na anca. Esperando, aguardando. Vendo.


Self-Portrait 1978

As naturezas mortas. Fruta que te quero.
Um Philip Glass, um Kooning… olhares em nós. Olhares no mundo. Patti Smith. Nos auto-retratos o espelho de quem é camaleão. De quem se mascara e se despe. Pichas fora das braguilhas. Pele sobre tecido. Uma vontade de tocar. Uma revelação em carícia. E nus em sombras e membros a pino.


Man in Polyester Suite 1980

Porque a sensibilidade pode existir numa flor ou num corpo mutilado, numa criança ou numa penetração, num olhar ou numa erecção.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

The Other Side - Nan Goldin



Título: The Other Side
Autor: Nan Goldin
Editor: Scalo
ISBN: 3-908247-34-9

“This book is about beauty. And about my love for my friends.”

Obcecada há mais de 20 anos por Drag Queens, Nan Goldin começa cedo a fotografa-las. Com a idade de 18 anos Nan começa um trabalho que a envolve na beleza das mais belas criaturas.


Misty and Jimmy Paulette in a taxi, NYC 1972

The Other Side é o nome do bar onde durante dois anos Nan foi todas as noites afim de fotografar aquelas que se transformariam as suas melhores amigas. Não as visualizando como homens vestidos de mulher mas como um novo tereceiro género, Nan absorve e apaixona-se. De tal forma que procura conhecer e saber mais sobre pessoas fascinadas e hipnotizadas por Drag Queens. Nada encontra a não ser num livro de psicologia datado de 1950 onde está escrito que tais pessoas seriam tão perversas que seriam inclassificáveis.


Jimmy Paulette after the parade, NYC 1972

Do grupo faziam parte transexuais, homossexuais e homens para quem o acto de se vestirem de mulheres era originado apenas e puramente pelo espectáculo. De forma a demonstrar o quanto gostava delas Nan fotografava quase todos os dias e quase todas as noites.


Toon, So, and Yogo onstage, Bangkok 1992

Tudo começa no ano de 1972, num tempo em que não era fácil a este tipo de pessoas sobreviver acaso não existissem espectáculos. Tendo como sonho colocar uma Drag Queen na capa da Vogue Nan Goldin prosseguiu os seus estudos em arte e especializou-se em fotografia. Após o curso volta ao seu mundo e tenta aí fazer carreira. No entanto sentia-se mais uma outsider no mundo onde tinha nascido que no mundo onde tinha passado os últimos dois anos.


Cody in the dressing room at the Boy Bar, NYC 1991

O livro inicia com um relato impressionante e sincero de Nan Goldin acerca dos 20 anos de fotografias que constam deste livro. Cuidadosamente Nan educa sem artificialismos. Demonstra que tal como no mundo “convencional” também ali se encontra de tudo, diferentes posturas, diferentes gostos, diferentes fantasias. Em em tudo a coragem. A coragem das Drags em realizar as suas fantasias ainda que destinadas a viver à margem da sociedade.


C putting on her makeup at Second Tip, Bangkok 1992

A viagem começa em Boston, passa por Nova York, Paris, Berlim Manila e Bangkok.


Ivy with Marilyn, Boston 1972

Nan capta o universo travesti de uma forma que nos é impossível não achar todas aquelas criaturas belas. Viajando através cenários nocturnos ricos de luz e cor a momentos mais íntimos sentimos que estamos lá. Que participamos daquele mundo, daquelas vidas. A fotógrafa não existe, não capta, faz parte de tudo aquilo e através dela podemos sentir da mesma forma. E tal só é possível porque existe muito amor envolvido.

sábado, 20 de junho de 2009

Destinée - Sally Beauman



Título: Destinée
Título Original: Destiny
Autor: Sally Beauman
Editor: Robert Laffont
Colecção: Pocket
ISBN: 2-266-08403-8
Primeira data de publicação: 1987

Um excelente romance para ler em trânsito, cujo maior e eventual único mérito é reunir um apreciável conjunto de lugares comuns. Encontros e desencontros em convenientes ambientes luxuosos; rápidas inversões de marcha e volteios narrativos, segundo a vulgata do suspense, paixão e drama. A acção situa-se nos anos posteriores à IIª Guerra Mundial, época que em 1987, quando este romance foi pela primeira vez publicado, ainda deveria aparecer como emblemática do começo de uma modernidade próxima. Começando em Londres, a intriga oscila entre a região do Mississippi no contexto dos confrontos raciais, passando depois sucessivamente por Paris, revisitando ainda a guerra da Algéria, e os estúdios de Hollywood....

sábado, 13 de junho de 2009

The Art of Pleasure - Tom of Finland



Título: Tom of Finland, The Art of Pleasure
Autor: Tom Of Finland / Micha Ramakas
Editor: Taschen Books
ISBN: 3-8228-5763-7


"If I don't have an erection when I'm doing a drawing, I know it's no good.”
Tom of Finland


Durante muitos anos renegado a aparecer somente nas paredes de bares gays e sex-shops, Tom of Finland, o inventor do estereótipo gay é posto a descoberto neste livro.



Os homens extremamente másculos, de calças justas que realçam as coxas musculadas, os membros duros e exagerados fazem lembrar algumas das ricas descrições dos marinheiros de Jean Genet.


Narizes largos, chapéus de couro, fardas, botas de couro, blusões de cabedal, estes homens envolvem-se entre si com sorrisos por vezes encimados de bigodes. Um, dois, três, quatro, orgias... penetração, spanking...



O animal existente no homem é posto a descoberto, o prazer sexual atinge o lugar cimeiro, homens que procuram outros homens, homens que se olham, homens que se sorriem, homens que se penetram, homens que se seduzem. Homens com o objectivo máximo (e único?) de sexo.

Volume II - Roy Stuart



Título: Roy Stuart - Volume II
Autor: Roy Stuart
Editor: Edições Taschen
ISBN: 3-8228-2990-0

O erotismo vive actualmente a ameaça da banalização e massificação. Roy Stuart como arqueólogo da fotografia explora ao máximo esta situação, tornando-se assim um ambíguo cúmplice ou deveríamos dizer contestatário? Da devoração e exposição recente da erótica o que poderá sobreviver? A ingenuidade forçada é mais sugestiva, mas tão real e convicta que acabamos naturalmente por desconfiar. Atrás dos ambientes de elite ainda felizmente conseguimos descortinar algum mistério, num erotismo voluntariamente desatento, noutras distraidamente enfático.

As mulheres tem, no geral, expressões faciais de pouca espontaneidade e a maior naturalidade (ou humanidade) reside no facto de possuírem pelos no púbis e nas axilas. No entanto algumas das expressões corporais, se nos abstrairmos da face e do olhar, são bem conseguidas, permitindo-nos viajar para um mundo de fantasia. À mulher pouco mais é dado a desempenhar senão o papel de inocente-distraída que cai nas malhas dos olhares pérfidos masculinos ou de sedutora na vertente atrevida ou de altiva.



Existirá quem goste do estilo já que é considerado um dos grandes mestres da fotografia erótica subversiva.

Disciple Maître – Joel-Peter Witkin



Título: Disciple Maître – Joel-Peter Witkin
Autor: Joel-Peter Witkin/Pierre Borhan
Editor: Editions Marval
ISBN: 2-86234-291-2


A morte (…) é um dos apetites da infância, quase mais forte que o apetite das bonecas ou o de brincar com os órgãos genitais.
In “O Génio e a Deusa” - Aldous Huxley


Woman Once a Bird, Los Angeles 1990 ******* Man Ray - Le violin d'Ingres, 1924

Jeremy Bentham (1748-1832) foi um filósofo inglês do século XVIII, que foi notabilizado pelos seus trabalhos de economia política; não obstante uma outra das suas propostas eventualmente menos conhecida foi absolutamente radical. Este pensador preconizava que os cadáveres deveriam ser aproveitados como auto-ícones, permitindo apresentar a pessoa depois desta ter falecido, e constituir um mobiliário urbano esteticamente válido. Tendo a posteridade resistido a esta ideia, fez ainda assim justiça a Bentham, que foi devidamente embalsamado, conforme disposições testamentárias, ocupando ainda hoje um armário no Oxford College que ajudou a fundar.

Humor and Fear, Novo Mexico 1998 ********* Horst - Mainbocher Corset, Paris 1939

Naturalmente a morte e a decomposição/transformação, foi sempre um tema tão incontornável como necessário, enquanto pretexto para uma reflexão colectiva e individual que tenta entender a eterna circularidade da morte e da vida. Os trabalhos de Witkin apresentam um contributo notável para esta reflexão, ao utilizar cadáveres (de seres humanos e animais), concebendo as criaturas mais fantásticas, chegando a reconstruir os mesmos pela mutilação e combinação. A partir desta noção teríamos um pretexto para uma utilização sensacionalista, que Witkin felizmente recusa.


The eggs of My Amnesia, Roma 1996 ******** Kimura Kenichi - Sem título, 1945

Ars Moriendi a quem pertence um cadáver senão à eternidade, sendo a distância entre a vida e a morte dificilmente mensurável, cada fotografia deste livro faz um comentário a diversas fotografias de diversos autores e estilos. Maitre para os modelos vivos; Disciple para os outros.

Canova's Venus 1982

A generosidade de um cadáver é infinita assim como a sua bendita passividade. Enquanto a carne e a película aguardam pelas cinzas niilistas, ocorre-nos o aforismo de Lavoisier: Na natureza nada se perde tudo se transforma. Meditemos entretanto à saída deste livro nas diversas epígrafes presentes nos ossários tão ao gosto barroco. Vivos um dia fomos, mortos como estes ossos um dia serás.

Satiro 1992

Os trabalhos de fotógrafos como Charles Negre, Walker Evans, Horst e Cartier-Bresson e de quadros como “Las Meninas” de de Diego Velásquez, “O nascimento de Vénus” de Boticelli, serviram de inspiração para Witkin. O texto do livro relata as relações entre as obras dos dois artistas, o inspirador e o inspirado.

Heroes - Ivan Pinkava



Título: Heroes
Autor:
Ivan Pinkava
ISBN: 9788086217727
Editor: Kant

Eles podiam ser bonitos mas não são. Há qualquer coisa de estranhamente perturbador nas fotografias de Pinkava. Um silêncio doloroso de palavras e de gritos silenciados. Ao primeiro impacto dá um aperto no coração, mas de súbito e sem esperarmos a calmaria regressa através de uma mão pousada num joelho, de um olhar no horizonte, de um rosto elevado ao céu. Pinkava dói. A beleza (convencional) é-nos negada, como se tivesse sempre de existir a desarmonia. Para que sintamos. Aqui nada é gratuito. Não aqui. Aqui não podemos passar incólumes. Não temos hipótese de fugir a… sentir.



Love & Lust - Donna Ferrato



Título: Love & Lust
Autor: Donna Ferrato
Editor: Aperture
ISBN: 1-931788-33-2

Donna Ferrato traz-nos neste livro imagens de intimidade. Sem sensacionalismos as imagens são captadas com naturalidade, e lado a lado possuímos imagens de crianças brincando de forma afectuosa com cenas de uma orgia.


A linha ténue entre as expressões de luxúria e de amor é evidenciada de uma forma quase ternurenta. Donna não moraliza, não descrimina, não estereotipa. De alguma forma relaciona-se com quem fotografa revelando (e incentivando) tudo de positivo e extremamente humano que acontece no momento do click. O amor e a luxúria em imagens encorajando de uma forma positiva a aceitação das emoções humanas.

O abraço, o beijo, a mãe, o casal, fornicação, nus, cópulas animais. Cores e preto e branco em expressões de alguma inocência mesmo em cenas de lascívia e luxúria.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Crossing The Line - Sara Davidmann



Título: Crossing The Line
Autor: Sara Davidmann
Editor: Dewi Lewis Publishing
ISBN: 1-899235-39-6

As atitudes sociais mudaram com o crescimento do número de indivíduos que optam por redefinir o seu sexo. Crossing de Line documenta essa profunda mudança cultural. Está focado nos indivíduos que "cross-dressing" de homem para mulher e envolve a participação de travestis, "drag queens" e transexuais.

Os rituais e processos de transformação têm grande significado. Para a maioria dos cross-dressers a criação da personagem feminina é uma parte crucial do seu ser e essencialmente constitui um alter-ego.

A ritual do banho, do shaving (tratar dos pelos, barba, pernas), trocar de roupa e colocação da maquilhagem pode demorar ate 2 horas ou mais. Sendo uma etapa importante na transição de uma personagem para outra.

Muitos consideram-se ser na essência, ambos os sexos, homem e mulher. Para eles as fotografias servem como reforço da sua imagem feminina e na sua afirmação como essa personagem.

Crossdressing envolve a criação de uma ilusão. Uma total transformação, mesmo que temporária. No entanto, a ilusão retém muitas vezes pistas para o género de base que se esconde. E a imagem resultante vagueia entre a polaridade masculino e feminino, contendo elementos de ambos, como se um terceiro sexo tivesse sido criado.

Fetish Theatre - Alan Tex



Título: Fetish Theatre
Autor: Alan Tex
Editor: Edition Reuss
ISBN: 3980501779


Alan Tex é um mestre na arte de iluminar a complexa natureza do erotismo que caracteriza as relações interpessoais, capturando o lado mais sombrio dos nossos desejos num segmento de cenas fotográficas.

O Fotógrafo Belga deriva maioritariamente em estilos comuns a círculos fetichistas, mas também o faz de esculturas ou outras formas de arte.

Isto confere ao seu trabalho o sentimento de fantasia por parte da pessoa que vê as suas obras.

Um livro invulgar, nas obras de um artista realmente perturbado. Ao conjunto cénico colorido a expressão, ora dramática ora vazia de emoção. Os vermelhos, o ouro, os pequenos simbolismos que só se deixam agarrar após uma visualização mais cuidada... a representação de papéis, que tanto adoramos e conhecemos.